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Castelos e Fortalezas de Portugal

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Mensagem  FearLess Sáb Jan 05, 2008 9:59 am

Castelo de Guimarães

Castelos e Fortalezas de Portugal Castle10


O Castelo de Guimarães localiza-se na cidade de mesmo nome, freguesia de Oliveira do Castelo, Concelho de Guimarães, Distrito de Braga, em Portugal.

Em posição dominante, sobranceiro ao Campo de São Mamede, este monumento encontra-se ligado à fundação do Condado Portucalense e às lutas da independência de Portugal, sendo designado popularmente como berço da nacionalidade.

Classificado como Monumento Nacional, em 2007 foi eleito informalmente como uma das Sete maravilhas de Portugal.

Intimamente ligado à fundação do Condado Portucalense e às lutas da independência de Portugal, o Castelo de Guimarães localiza-se no topo rochoso da sagrada colina desta cidade minhota, sobranceiro ao Campo de S. Mamede. No século X, época em que as guerras da Reconquista atingiam o seu auge no Norte da Península, a condessa Mumadona Dias procedeu à construção de um castelo para defesa do seu mosteiro e da indefesa população das terras de Vimaranes.

Com a fundação do Condado Portucalense, D. Henrique e D. Teresa elegeram como sua residência o castelo da cidade-berço, melhorando e ampliando o seu perímetro defensivo - podendo datar deste período inicial do século XII a sua Torre de Menagem. Nos séculos seguintes, D. Dinis e D. João I iriam deixar a marca dos seus reinados na volumetria desta fortaleza medieval.

De grande simplicidade geométrica, mas produzindo um belo efeito estético, a planta do castelo desenha, aproximadamente, um escudo facetado. Quatro robustas torres marcam os sólidos panos desta muralha aparelhada. As portas da cerca são ladeadas por volumosos torreões defensivos, mais expressivos no portal principal ocidental e na porta da traição, virada a Oriente. Um forte adarve, com lanços de escada nas zonas das torres, percorre a parte superior das muralhas, apresentando estas coroamento de muro com ameias pentagonais e de recorte pontiagudo.
Na parte norte da espessa muralha são visíveis as ruínas da antiga Alcáçova, residência do castelo, provavelmente do século XIV, que se divide em dois pisos, observando-se ainda as suas janelas exteriores e duas chaminés, de belo recorte e marcado sentido palaciano.
Uma ponte de madeira estabelece a ligação entre o adarve das muralhas e a volumosa e alta Torre de Menagem, implantada no interior do solo rochoso desta fortaleza medieval. De planta quadrangular, a Torre de Menagem é sólida e tem escassas aberturas marcando os vários andares, ligados internamente por escada de madeira e de pedra. Largo e contínuo adarve permite a circulação e a observação no topo da torre, sendo o seu coroamento realizado por ameias pentagonais pontiagudas.

D. Dinis procedeu ao amuralhamento de toda a zona inferior da povoação vimaranense, trabalho prosseguido por D. Fernando e derrubado, em parte, por D. João I. Esta muralha defensiva compreendia uma extensão de dois quilómetros, tendo ainda oito portas e igual número de torres. A partir do século XV, diante dos progressos na artilharia, o Castelo de Guimarães perdeu a sua função defensiva. No século seguinte as suas dependências passaram a abrigar a Cadeia Municipal, e, no século XVII, um palheiro do rei, acentuando-se a sua ruína.
No século XVIII, mediante solicitação da Colegiada, a cantaria da Torre de Nossa Senhora da Guia foi utilizada para as obras da Igreja de São Miguel da Oliveira. No século XIX, a maior parte da muralha foi desmontada e reaproveitada para outras obras públicas e particulares, escapando o castelo deste fatídico destino, por um escasso mas decisivo voto, numa eleição efectuada em 1836 no município vimaranense.

Dentro dos muros do castelo terá resistido D. Afonso Henriques (1112-1185), em 1127, ao assédio das forças do rei Afonso VII de Leão e Castela, evento que levou Egas Moniz a garantir aquele soberano a vassalagem de seu amo, libertando a vila do cerco. No vizinho campo de São Mamede, o castelo foi testemunha do embate entre as forças de D. Afonso Henriques e as de D. Teresa (24 de Junho de 1128) que, com a vitória das armas do primeiro, deu origem à nacionalidade portuguesa.
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Mensagem  FearLess Sáb Jan 05, 2008 10:22 am

Muralhas do Porto

Castelos e Fortalezas de Portugal Muralh10

Castelos e Fortalezas de Portugal Muralh11

A primitiva ocupação humana do sítio do Porto, sobranceiro à margem direita do rio Douro, remonta ao período final da Idade do Bronze, aproximadamente por volta do século VIII a.C., possívelmente por castros. O povoado proto-histórico terá mantido, desde cedo, importantes ligações comerciais com a bacia do mar Mediterrâneo.

À época da Invasão romana da Península Ibérica, a povoação, então denominada de "Cale", já contava com edificações de porte e controlava um importante eixo viário entre "Olissipo" (atual Lisboa) e "Bracara Augusta" (atual Braga). O mais importante núcleo foi identificado pela pesquisa arqueológica na década de 1940 no alto da Pena Ventosa (morro da Sé), quando foram trazidas à luz uma ara votiva, uma moeda do imperador Constantino Magno e duas colunas de mármore. Datará desta época a primitiva cintura de muralhas da povoação.

Com as Invasões bárbaras da Península Ibérica, os Suevos adquiriram o controle sobre todo o Noroeste peninsular. A povoação, então denominada como "Portucale", neste período foi elevada a sede de bispado, vindo a sofrer expressivo retrocesso após as Invasão muçulmana da Península Ibérica, no século VII.

Da Reconquista Cristã à formação da nacionalidade

À época da Reconquista cristã da península a região de "Portucale" foi reconquistada pelas forças de Vímara Peres no ano de 868, ficando sujeita às oscilações da linha da fronteira.

Embora não hajam informações sobre as estruturas defensivas neste período, é certo que no século X uma muralha já existia, conforme se infere da leitura da carta do cruzado inglês que descreve a conquista de Lisboa, datada de 1147. Tendo a expedição passado pela foz do rio Douro, quando acedeu auxiliar D. Afonso Henriques na conquista daquela cidade, o documento informa que, tendo a cidade do Porto sido assolada por uma incursão de sarracenos, os estragos haviam sido reparados havia uns oitenta anos, isto é, por volta de 1067. Com base nessas informações, e nesse recorte temporal, os estudiosos admitem que a incursão sarracena tenha ocorrido no contexto da ofensiva de Almançor em 997 e que os reparos tenham tido lugar em fins do reinado de Fernando Magno, de Leão-Castela.

A Condessa D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, fez a doação do couto do Porto ao Bispo D. Hugo, o qual, em 1123, lhe outorgou a primeira Carta de Foral. Datará desta época a reconstrução da primitiva cintura de muralhas da povoação, também denominada como muro romano.


O "castelo" medieval

Em meados do século XIV, disputando a Mitra e a Cidade sobre direitos de jurisdição, foi notificado perante os juízes, pelos procuradores do Concelho, que por motivos de defesa, por ocasião dos desentendimentos entre D. Dinis e o infante D. Afonso, entre os anos de 1320 a 1321, tinham sido mandadas demolir algumas casas construídas junto ao muro do castelo. A expressão "castelo" já havia sido empregada anteriormente nas Inquirições de D. Afonso IV. Entretanto, uma carta dirigida por D. Sancho I ao bispo do Porto leva a crer chamar-se castelo à época ao alto do morro da Pena Ventosa, pois nela recomenda o monarca ao prelado que promova a realização de mercado ante a porta da Sé, "para que o castelo seja melhor povoado".

A construção do edifício da alfândega, em 1324, havia representado um duro golpe nos interesses do bispo do Porto. Posteriormente, em 1405, D. João I transferiu para a Coroa a jurisdição do burgo, numa época de consolidação do poder local, apoiado pela burguesia mercantil. A abertura da Rua Nova marca uma nova fase no urbanismo da cidade e a sua localização reflecte a importância atingida pela zona baixa da cidade, que funcionou, até ao século XX, como principal pólo comercial.

Nesta fase, a Coroa já providenciara no sentido de abrigar a cidade em expansão, em novo muralhamento. As obras começaram em 1336 no reinado de D. Afonso IV e só terminaram em 1374 (ou 1376), no tempo de D. Fernando, motivo pelo qual ficaram conhecidas pela denominação de muralhas fernandinas, muralha gótica ou muro novo.

A nova cerca tinha uma extensão de 3000 passos e 30 pés de altura. Era guarnecida de ameias e reforçada por numerosos cubelos e torres de planta quadrada, que excediam em onze pés a muralha, com excepção das torres que defendiam as Porta do Cimo da Vila e a Porta do Olival, que subiam 30 pés acima desse nível. Um século e meio depois (1529) caíram 360 braças da muralha, entre a Porta do Olival e a Porta dos Carros, ou seja, ao longo da antiga Calçada da Natividade, hoje Rua dos Clérigos. A reedificação deste troço da muralha foi feita entre 1607 e 1624. Durante esses trabalhos, o mestre carpinteiro Bartolomeu Fernandes, morador em Miragaia, tomou de empreitada por 17$000 réis "o conserto das portas da Ribeira e dos Postigos da Lada, das Tábuas e dos Barbeiros".

O traçado da muralha começava no Postigo do Carvalho, que se chamou de Santo António do Penedo, em honra do Santo da Ermida que lhe ficava próximo, e mais tarde Postigo do Sol, quando foi reconstruído com maior imponência pelo corregedor João de Almada e Melo, em 1774. Seguia pelo local onde se encontra o Governo Civil e o Teatro São João, passando depois à Rua de Cimo de Vila, onde existia a Porta do Cimo da Vila. Continuava em direcção ao Sul pela Calçada de Santa Teresa e Viela da Madeira até à Porta dos Carros, junto à Igreja dos Congregados. Esta Porta veio substituir, em 1551, o Postigo aí existente, construído por Ordem Régia de D. João I, em 1409, a pedido da Câmara para conveniência do serviço das hortas que ficavam próximas e para a entrada dos carros de pedra para reconstrução das casas da Rua Chã que tinham ardido. Esta porta, demolida em 1827, tinha a ladeá-la duas torres.

A muralha continuava em linha recta ao longo do extinto Convento dos Lóios, actual edifício das Cardosas. Aqui estava a Porta de Santo Elói, demolida por acordo entre os padres Lóios e o Senado da Câmara para alargamento do Largo dos Lóios. Seguia pela calçada dos Clérigos e Rua da Assunção até à Cordoaria, então um extenso olival, onde existia a Porta do Olival. Descia em direcção à Rua do Calvário. Nos terrenos onde se encontra actualmente a Igreja de São José das Taipas ficava a Porta das Virtudes. Seguia pelo rio pelo Noroeste da Rua da Cordoaria Velha atravessando a Rua da Esperança onde havia uma porta com o mesmo nome, assim chamada por existir próximo a capela de Nossa Senhora da Esperança. A muralha continuava até ao rio, pelo sítio onde estão as Escadas do Caminho Novo até à Porta Nova na margem do Douro.

Esta porta aberta, em 1522, por ordem de D. Manuel I, veio substituir e alargar o Postigo da Praia. Foi demolida em 1872 quando se abriu a Rua Nova da Alfândega. Era por aqui que se fazia a entrada solene dos Bispos quando vinham ocupar o cargo. Era uma das principais portas da cidade. No Museu Nacional Soares dos Reis existem, a lápide coeva de D. Fernando, com o escudo Real, que rematava o primitivo postigo e que se manteve quando da reconstrução, e a lápide e pedra de armas, colocadas quando da Restauração da Independência em 1640.

Muralhas do Porto, Portugal: Postigo do Carvão, uma das entradas da antiga muralha, na Ribeira. A muralha continuava paralela ao rio até subir para Santa Clara. Da Porta Nobre até ao Terreirinho rasgavam-se os postigos dos Banhos e o do Pereira ou Lingueta. No Terreirinho, próximo à antiga Alfândega, existia o Postigo do mesmo nome, demolido em 1838. Continuava em direcção ao Postigo do Carvão, o único que ainda existe e assim chamado por ser por aí que entrava o combustível que ficava em depósito na Fonte Taurina. Mais adiante havia o Postigo do Peixe. A seguir ficava a Porta da Ribeira, voltada a Leste, demolida em 1774 por ordem de João de Almada e Melo, quando se decidiu construir a Praça da Ribeira. Esta foi a primeira porta da cidade onde se gravou a inscrição alusiva à consagração de Portugal a Nossa Senhora da Conceição, decretada por D. João IV. Existiam ainda mais quatro postigos, o do Pelourinho, o da Forca, o da Madeira e o da Areia. Depois deste último a muralha deixava de acompanhar o rio e subia até à Porta do Sol.

Da Dinastia Filipina aos nossos dias

A Dinastia Filipina (1580-1640) correspondeu a um período de acentuado desenvolvimento urbano e administrativo. As grandes mutações artísticas começaram nesta época, para atingir toda a sua magnificência no século XVIII, a época áurea da difusão do vinho do Porto.

No século XVIII a muralha romana ainda estava quase intacta, pois descreveu-a o Padre Manuel Pereira de Novais na "Anacrisis Historial"; das quatro portas que se abriam nessa vetusta muralha, a última demolida foi a chamada Porta de Vandoma que perdurou até 1855.

Em nossos dias, da trecentista construção defensiva perduram vários lanços da muralha e alguns torreões.
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Mensagem  FearLess Sáb Jan 05, 2008 10:25 am

Castelo de Braga

Castelos e Fortalezas de Portugal Torre_10
Torre de Menagem

Castelo de Braga localizava-se na cidade de Braga, freguesia de São João do Souto, Concelho e Distrito de Braga, em Portugal.

Cidade com mais de dois mil anos de história, importante centro administrativo - civil e religioso -, as suas defesas, atravessaram diversas fases construtivas.

Antecedentes

O astrónomo e geógrafo grego Claudius Ptolemeu (c. 85 – c. 165), em meados do século II, referiu na sua obra - Geografia (8 v.) -, que a cidade de Bracara Augusta era anterior à Invasão romana da Península Ibérica. A recente pesquisa arqueológica, conduzida pela Universidade do Minho, identificou uma cerca defensiva com planta poligonal, reforçada por torreões de planta semi-circular, que remonta ao século III.

À época das invasões bárbaras, por sua importância e tradição, a cidade foi escolhida como capital do reino dos Suevos, acreditando-se que tenha diminuído de importância quando da sua conquista pelos Visigodos e de seu saque pelos Muçulmanos, e mesmo mais tarde, quando conquistada pelas forças cristãs do reino de Leão.

Embora não existam informações seguras sobre a evolução de suas defesas nestes períodos conturbados, sabe-se que, a partir do século XI, uma segunda cerca estava em construção, a Sul e a Oeste, complementando o troço Norte da antiga muralha romana. Sabe-se ainda que em 1145, o arcebispo de Braga, João Peculiar (1139–1175), garantiu aos cavaleiros da Ordem dos Templários uma importante casa na cidade.

O castelo medieval

A partir do século XIII, uma nova fase construtiva inaugurou-se, com o abandono do troço norte da muralha romana e um crescimento da urbe em torno da Sé-Catedral. Existem poucas informações acerca desta fase, tão somente as de que, sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), iniciou-se uma nova cerca, complementada por uma torre de menagem. As obras progrediram com lentidão e, no reinado de D. Fernando (1367-1383), a nova cerca mostrou-se ineficaz, permitindo a invasão da cidade por tropas de Castela na década de 1370. Durante a crise de 1383-1385, Braga, juntamente com outras cidades do norte de Portugal, manteve-se fiel ao partido de Castela. Entretanto, tendo o novo soberano sido aclamado nas Cortes de Coimbra de 1385, a cidade franqueou-lhe as portas. D. João I (1385-1433) também dispensou cuidados a essa defesa, a partir de quando a cerca foi reforçada com novas torres, de planta quadrangular.

Do século XVI aos nossos dias

A partir do século XVI, a perda da sua função defensiva era comprovada pela quantidade de edificações adossadas à cerca, pelo exterior.

Em 1906, o Castelo de Braga foi demolido, restando apenas a sua Torre de Menagem.

Mais tarde, a Torre de Menagem e alguns troços da muralha medieval foram classificados como Monumento Nacional por Decreto publicado a 23 de Junho de 1910.

Características

A partir do século XIII a cerca da cidade passou a apresentar planta aproximadamente circular. A combinação entre a pesquisa arqueológica e a documental permite reconstruir o seu traçado em linhas gerais, embora se desconheça a localização precisa das portas (das quais se tem notícia de, ao menos, quatro) e das torres. A partir da chamada Porta Nova, construção setecentista que substituiu uma das suas primitivas portas, corria a nor-nordeste pelo traçado da Rua dos Biscainhos, balizava pelo norte o então chamado Campo da Vinha, e virando a sueste pelo traçado da Rua dos Capelistas ia entestar com a muralha propriamente do castelo, após o que, volvendo sucessivamente a sudoeste, ao sul, a nordeste e de novo ao norte, passava pelo Campo e Torre de São Tiago, Largo das Carvalheiras e Largo de São Miguel-o-Anjo, para concluir na Porta Nova.

A leste, a torre de menagem, é o principal remanescente do castelo erguido sob o reinado de D. Dinis. De planta quadrada, em estilo gótico, ergue-se a aproximadamente trinta metros de altura, dividida internamente em três pavimentos. No alto, uma janela geminada e matacães nos vértices. No topo uma coroa de ameias. Na torre e no alçado oeste, as pedras-de-armas de D. Dinis.
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Mensagem  FearLess Sáb Jan 05, 2008 10:26 am

Castelo de Vila Nova de Cerveira

O Castelo de Vila Nova de Cerveira localiza-se na vila e Freguesia de mesmo nome no Distrito de Viana do Castelo.

Na linha de fronteira que constitui o Rio Minho situa-se, na sua margem esquerda, a medieva fortaleza de Vila Nova de Cerveira, construção militar fundamental na linha defensiva do Alto Minho - que se prolongava entre a foz do Minho (em Caminha) e a remota vila de Melgaço. Espanha encontrava-se mesmo do outro lado do rio, pelo que o castelo de Cerveira procurava impedir as investidas que vinham da margem direita.

Antecedentes

Não há consenso entre os estudiosos acerca da primitiva ocupação humana de seu sítio, ponto de travessia do rio para mercadores e peregrinos e fronteira natural com o reino de Leão.

O castelo medieval

A informação mais antiga sobre a sua defesa encontra-se na Carta de Foral confirmada por D. Sancho II (1223-1248) onde, entre os nomes dos nobres que a subscrevem, se encontra o de Pedro Novaes, alcaide (tenens) do Castelo de Cerveira (Domnus Petrus Novaes tenens castellum). Acredita-se que o castelo se constituísse, à época, apenas numa torre defensiva.

Durante o reinado de D. Afonso III (1248-1279), as Inquirições de 1258 informam que os moradores de Cerveira e das freguesias vizinhas estavam sujeitos à anúduva, tributo feudal que consistia, em caso de necessidade de reparos em algum castelo, no fornecimento de materiais de construção e prestações de trabalho pela comunidade.

O seu sucessor, D. Dinis (1279-1325), visando alargar o povoamento da região, tentou atrair casais para Cerveira (1317), outorgando-lhe Carta de Foral que a transformava em vila (Vila Nova de Cerveira) com as regalias anteriormente concedidas a Caminha (1 de Outubro de 1321). Datam desse período a melhoria e ampliação das defesas, o que é documentalmente ratificado quando Rui de Pina (Crónica d’El Rei D. Diniz) inclui a Vila Nova de Cerveira entre as localidades que este monarca povoou de novo e fez castelos.

Quando da eclosão da Crise de 1383-1385, o alcaide do Castelo e a povoação mantiveram-se leais a Castela. Na Primavera de 1385, tendo o Condestável Nuno Álvares Pereira, após conquistar o Castelo de Neiva, encetado peregrinação a Santiago de Compostela à frente de seus homens, o que os conduziu adiante de Vila Nova de Cerveira, os homens-bons da vila, receosos de um ataque mandaram-lhe um pedido para que o não fizesse, pois eles portugueses eram, e queriam ser servidores del-Rei e do Reino. Desse modo, o Condestável obteve-lhe a submissão e a das demais terras da região ao rei D. João I (1385-1433).

D. Afonso V (1438-1481) recompensou os feitos de D. Leonel de Lima, nas campanhas do Norte de África, atribuindo-lhe o título de 1º visconde de Vila Nova de Cerveira (1476) e a posse da vila. Este senhor procedeu-lhe reforços e melhorias nas defesas.

Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509).

Da Guerra da Restauração aos nossos dias

Durante a Guerra da Restauração da independência portuguesa, a povoação resistiu vitoriosa e obstinadamente, sob o comando de Manuel de Souza Abreu, ao assédio das tropas espanholas em 1643, feito que repetiu mais tarde, no contexto da Guerra Peninsular, quando impediu a travessia, naquele trecho do rio, às tropas napoleônicas sob o comando do general Soult em 1809, forçando-as ao seu contorno.

Datam da segunda metade do século XVII as melhorias que se impuseram à defesa diante dos acontecimentos de 1643 e do crescimento da vila. Implementada de 1660 a 1665 às custas de D. Diogo de Lima, 8º visconde de Vila Nova de Cerveira, esta modernização compreendeu a construção de cinco baluartes salientes, adaptados ao tiro de artilharia, complementados por muralhamentos intermediários e fossos cobrindo o perímetro urbano.

Datam deste período as novas portas da vila: a Porta do Rio (Oeste), a Porta de Trás da Igreja (a Leste), a Porta da Campana (a Norte) e a Porta Nova (na saída para Gondarém). É também desse período a Capela de Nossa Senhora da Ajuda, erguida no interior do castelo junto ao portão principal.

Durante o século XIX, o crescimento da vila levou à absorção das suas defesas. Uma das perdas mais expressivas foi a da Torre de Menagem, parcialmente destruída em 1844, ao qual se seguiu a muralha norte, com o desaparecimento da primitiva porta da traição.

No século XX, o antigo castelo foi classificado como Monumento Nacional através do Decreto publicado em 21 de Dezembro de 1974. Mediante a doação à Câmara Municipal, do recinto amuralhado (carta de 22 de Março de 1975, iniciou-se uma profunda reforma urbanística em Vila Nova de Cerveira, resgatando-se o seu centro histórico (Castelo, Igreja da Misericórdia, pelourinho, edifícios da antiga Câmara Municipal, do tribunal, da cadeia e diversas habitações) e revalorizando-se a sua vocação turística.

O castelo medieval foi requalificado, tendo as suas instalações sido parcialmente adaptadas a funções hoteleiras (Pousada de D. Dinis), integrando actualmente a rede Pousadas de Portugal.

Características

O castelo apresenta planta com a forma elíptica, típica do estilo gótico, sendo os seus panos de pedra aparelhada reforçados por cubelos quadrangulares e a altaneira torre de menagem. O castelo é acedido por duas portas ligadas entre si por um arruamento (a Rua Direita):

A elegante porta da barbacã (Porta da Vila) em arco ogival, encimada pelo escudo de armas de D. Dinis, a Sul, comunicando com o terreiro da feira. A Porta da Traição, simples postigo, a Norte, comunicando com a margem do rio. No seu interior erguem-se os edifícios da Casa da Câmara e Cadeia, o pelourinho, a Igreja da Misericórdia, os quartéis, paióis e a cisterna. Na entrada principal da barbacã, encontra-se a Capela de Nossa Senhora da Ajuda.

Os vestígios da modernização seiscentista do castelo - baluartes, guaritas e fossos - carecem de valorização como um todo, absorvidos parcialmente pela expansão urbana a partir do século XIX.
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Mensagem  FearLess Sáb Jan 05, 2008 10:31 am

Muralhas de Barcelos

Castelos e Fortalezas de Portugal Barcel10

A Muralha de Barcelos da qual nos restou a chamada Torre de Barcelos (Postigo da Muralha ou Torre do Cimo da Vila), ergue-se na cidade, freguesia e concelho de mesmo nome, no Distrito de Braga, em Portugal.

Ponto de passagem obrigatório para quem fazia o trajeto norte-sul, a construção de uma ponte de pedra na primeira metade do século XIV aumentou a prosperidade da vila de Barcelos, que não conheceu um castelo própriamente dito.

Antecedentes

Embora a primitiva ocupação humana do local, sobranceiro ao rio Cávado, seja desconhecida, ela é geralmente atribuída ao contexto da Invasão romana da Península Ibérica, não tendo ficado alheia às invasões posteriores, de Visigodos e de Muçulmanos.

A cerca medieval

À época da Reconquista cristã da península, a povoação foi conquistada pelos primeiros reis de Leão.
Encontra-se mencionada no tempo do rei D. Afonso Henriques (1112-1185) como "minha vila", em diploma sem data, atribuível a um período entre 1156 e 1169, pelo qual o soberano concedeu aos seus moradores, presentes ou futuros, foral análogo ao de Braga. Posteriormente, nas Inquirições de 1220 e de 1226, é designada como "Santa Maria de Barcelos", pertencendo ao julgado de Neiva.

A povoação cresceu a ponto de, em 1298, D. Dinis (1279-1325) nela instituir a sede de um condado, que, desde o 1º conde de Barcelos, D. João Afonso Telo de Meneses, se manteve nesta família até ao tempo do 6º conde, também D. João Afonso, o qual, durante a crise de 1383-1385, seguiu o partido da Infanta D. Beatriz e de seu marido, Juan I de Castela, contra o partido do Mestre de Avis, vindo a falecer na batalha de Aljubarrota. O novo soberano, agraciou com esse título o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, que, mais tarde, o transferiu para o genro, D. Afonso, filho bastardo de D. João I, 8º conde de Barcelos, depois 1º duque de Bragança. Este, mudando-se de Chaves para Barcelos, iniciou, por volta de 1412, a edificação do Palácio dos Duques com a modificação da cerca da povoação (em progresso anteriormente a 1406) e a Igreja Matriz.

Esta cerca seria, em linhas gerais, a mesma figurada por Duarte de Armas (no Livro das Fortalezas, c. 1509). Guarnecida por ameias, era reforçada por três torres, nas quais se rasgavam as três principais portas da vila:

*Torre e Porta da Ponte – defendendo o acesso pela ponte sobre o rio Cávado;
*Torre e Porta do Vale - na face noroeste da muralha, guarnecia esse setor;
*Torre e Porta da Menagem (ou Porta Nova, hoje a única existente e onde fica o Centro de Artesanato e a Delegação de Turismo) – de maiores dimensões, erguia-se a norte, utilizada como residência do alcaide-mor, sendo denominada de "castelo", até ao século XVII.

Do terramoto de 1755 aos nossos dias

O terramoto de 1755 causou estragos na vila e nas defesas, provocou a destruição do Palácio dos Duques de Bragança (hoje, um museu a céu aberto). Posteriormente, à semelhança do que se registou em outros centros urbanos, a expansão da malha urbana resultou na demolição da antiga cerca medieval, tendo chegado aos nossos dias apenas uma torre, a norte (também conhecida como Torre de Barcelos ou Postigo da Muralha), um troço da muralha a leste e a sul e vestígios de dois postigos. O conjunto, bem preservado, está classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado desde 19 de Fevereiro de 1926.

Características

A cerca da vila era constituída por uma muralha de planta ovalada, ligeiramente reintrante na face norte. Iniciada e terminada na ponte, quatro torres de planta quadrangular protegiam quatro portas, determinando o acesso das principais vias da vila às principais estradas do território.

O eixo viário mais importante era o do sul, acedendo a ponte defendido pela chamada Torre da Porta da Ponte, de planta quadrangular e que, primitivamente, se dividia em quatro pavimentos. Foi neste sector que se fez erguer o palácio (paço condal) que, em torno de 1480, o conde D. Fernando fez ligar à ponte por meio de uma torre de dois pavimentos. As demais vias eram controladas, respectivamente:

*a nordeste, pela Torre do Cimo da Vila, onde se rasgava a chamada Porta Nova, fronteira ao antigo Campo da Feira, um amplo terreiro onde se realizava a feira de Barcelos, por onde se ia a Viana do Castelo e a Ponte de Lima;
*a noroeste, a Torre onde se rasgava a Porta do Vale, por onde se ia para Esposende;
a leste da ponte, uma torre de menores dimensões defendia o Postigo do Pessegal, estreita passagem que comunicava com a Fonte da Vila na orla ribeirinha, caminho cuja defesa era reforçada por uma pequena barbacã, como figurado por Duarte de Armas.
*a oeste, rasgava-se o chamado Postigo do Fundo da Vila, de menor expressão.
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